faço login no sono
mas o meu feed
parece abandonado,
um deserto
metafísico.
subitamente o teu
corpo naufraga
exposto a um pudor
guerreiro,
os teus poemas
abertos dão lugar
às tuas pernas
abertas mas ainda assim há um texto:
“Somos terra
líquida, último alimento das árvores”.
fraco e inválido, o
meu sangue
estremece em
direção à polis
onde tudo se cria.
a minha mão
apressa-se
a saciar o grito,
mas não o alcança,
em vez do meu pénis
duro
tenho sangue e
vísceras onde
a minha mão desata
em desespero e
confusão.
a seguir estás
sentada
numa cadeira
prostituta,
pronta a sugar-me o
mineral do corpo
quero desfazer-te
pela cona
mas tu não me
entendes
começas a falar
nesse estrangeiro suburbano
que aprendeste na
cama
com outras
culturas.
eu sei que não
dormes
e às vezes tenho
pena
penetrava em ti o
meu ofício
espancava-te as
metáforas minúsculas
por onde regulas a
tua existência.
se te fodia era
para o teu bem
fodia-te até à
vertigem.
sem nunca te
conseguir saciar o medo.
também eu não durmo
porque a noite é
vadia como o meu desejo.
chama-me puta,
sou a tua puta,
sozinho, não
estrangeiro.
quando acordar
estarás no meu feed,
de pernas fechadas
e poemas abertos
a todas as
interpretações.
27.04.2015
Braga
Sara F. Costa
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