sexta-feira, 24 de julho de 2015

Um Nela Outro No Tapete


“I think sometimes of all good
ass
turned over to the
monsters of the
world.”

Charles Bukowski, Burning In Water Drowning In Flame


Era a segunda vez que a via, tinha uns dezanove anos e parecia ainda fascinada
Pela vida na cidade e ainda se sentia livre, tinha vindo ter ali porque sabia
Que eu lá estava, as mamas pareciam maiores do que realmente eram, é o importante,
Tinha bebido, eu mais, disse que não podia demorar porque tinha um amigo
A dormir no tapete em casa dela à espera, então tinha que me despachar,
Era difícil falar com a música, melhor, haviam mais olhos, enquanto a olhava
Nos dela ela desvia o olhar para os meu lábios e leva logo com o que pediu,
Fingiu-se surpreendida, mas confessou ser o que estava à espera, sim,
Estava a ver que nunca mais, saímos os dois do club até um beco escuro
E quase escondido, encosto-a a uma caixa de electricidade, exploro-lhe a pele,
O tamanho real das maminhas até lhe chegar com o dedo ao grelo, aí
Ela realmente se sente surpreendida, como que se lhe tivesse ligado
Um interruptor qualquer, fazes isso tão bem, deixo-a a escorrer, acredito que
Estivesse a ser sincera, meto-lhe a gaita nas mãos que ela agarra com voracidade,
Bate com força e a um ritmo perfeito, quase me faz vir contra o seu púbis
Rapado há uns dias, sei que naquele momento alguém deve estar a pensar
Em mim, ou não, sei que não tem a minha gaita na mão, também sei que há
Cães em tapetes e outros sem tanta sorte, sinto perto um gato a saltar
De um caixote do lixo, sinto o cheiro azedo do mesmo caixote, misturado
Com o aroma da cona pronta para a foda, custa-me a manter o leite
Longe dela, no hospital ali perto alguém muito verde agoniza com uma
Barriga colossal cheia de líquido, posso ser eu daqui a uns anos, foi alguém
Que me morreu na infância e com ela, aproxima a glande dos lábios
E esfrega-a neles, deixando-a lubrificada e pronta para a penetração,
Engulo em seco, lembro-me do cheiro a cera nos cemitérios e de como
É pecado pisar nas campas, então a gente começa a sair do club,
Quebrando o transe, vamos até aquele adro foder, temos que foder,
Não podemos ficar assim, apertamos as calças e então os meus dois amigos
Vêm ter comigo, bêbados, fica com os teus amigos, eu tenho que ir,
Agora já não ficas só, tenho o meu amigo em casa à espera,
Não insisti, para alguém esperar no tapete, tem que gostar mesmo
E é triste, acabei a noite de manhã numa padaria a comer pão fresco
E beber cerveja com os padeiros e os dois amigos, com os tomates inchados
E tive pena do que a esperou deitado no tapete, que era amigo,
Espero que não tenha adormecido com fome, eu nunca mais a vi.


19.09.2014

Turku

João Bosco da Silva

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